quarta-feira, abril 10, 2013

Dança do Ventre e Gestação: Os Benefícios de Atividades Físicas e da Dança do Ventre no período da Gestação



A gestação é um período no qual a mulher tende a ficar mais sensibilizada, biológica e emocionalmente. A prática de exercícios físicos nessa fase é aconselhável por ser muito benéfica - com orientação e acompanhamentos apropriados - pois facilita a adequação às alterações. A dança do ventre é uma das atividades mais adequadas a auxiliar a gestante neste momento. Originada nos rituais de sociedades matriarcais, essa dança possui conhecimento intrínseco do feminino, que acompanha a mulher nos diferentes aspectos de sua vida, valorizando a feminilidade e exaltando sua essência e qualidades.
Introdução

A dança é uma das mais antigas formas de arte e expressão e que, em algum momento de cada civilização, foi um ritual religioso e personificava os valores e características da cultura a qual pertencia. Para os povos primitivos, dançar era uma maneira de mostrar exuberância física e também uma forma rudimentar de comunicação. “Nas mais remotas organizações sociais a dança estava presente, celebrando as forças da natureza, investidas bélicas, mudanças das estações.” (Portinari, 1989.) Como modo de tentar controlar a natureza, simulando seu ciclo, originaram-se os rituais de fertilidade nas arcaicas sociedades agrícolas. E foi nesses ritos de fertilidade que a dança do ventre se desenvolveu, como uma das principais manifestações dos cultos primitivos da Deusa-Mãe do período matriarcal, tendo como objetivo o preparo de mulheres para se tornarem mães.


No Egito, rituais eram oferecidos em templos dedicados à deusa Ísis, em agradecimento à fertilidade feminina e às cheias do rio Nilo, que representavam fartura de alimentos para a região. As danças egípcias possuíam natureza acrobática e é possível que alguns de seus movimentos, como as ondulações abdominais, já fossem conhecidos no Antigo Egito, com o objetivo de ensinar às mulheres os movimentos de contração do parto. Historiadores estimam que a dança do ventre teve sua origem entre os anos 7.000 e 5.000 a.C, e sua localização ainda é incerta. Há registros que antigas civilizações, como suméria, fenícia, acádia, babilônica e egípcia, praticavam rituais em homenagens a divindades femininas, de modo a garantir fertilidade tanto às mulheres quanto à terra. “Nesses rituais eram feitas danças que utilizavam movimentos ondulatórios e rítmicos de quadril e abdômen, constituindo a essência primordial da dança do ventre.” (Cenci.)
Nos ritos de fertilidade o ventre era considerado o símbolo do útero da terra, e ambos eram semeados. Assim como a terra precisava estar preparada para o plantio, a mulher precisava estar preparada para a gestação e o parto. Essa preparação era conseguida através da fé na Deusa-Mãe e da consciência corporal, adquirida através da dança. Assim, a dança do ventre como culto à deusa permitia tanto a força quanto o preparo, físicos e psicológicos, necessários às mulheres.

A gestação e exercícios


A gestação corresponde do desenvolvimento do embrião, desde a fecundação até o parto, e promove inúmeras modificações no organismo feminino, como alterações de humor, aumento da freqüência cardíaca e do consumo de oxigênio, aumento do útero, do peso corporal e da secreção hormonal, além de modificações posturais, sonolência e enjôos.

A prática de atividade física nesse período é aconselhável por ser muito benéfica - com orientação e acompanhamentos apropriados - pois facilita a adequação às alterações, exceto em casos em que a gestação seja de risco. Para as mulheres sedentárias que planejam começar a se exercitar na gravidez é aconselhável que esperem até o terceiro mês de gestação, enquanto as que já praticavam atividades e nunca sofreram aborto espontâneo podem continuar, se adaptando a sua condição. Em todos os casos é imprescindível a autorização médica. Normalmente as atividades físicas podem ser praticadas até o parto, contanto que a gestante se sinta confortável, com a intensidade diminuída gradualmente.

Durante o parto normal alguns músculos são relaxados e outros contraídos, principalmente os abdominais, e esses movimentos devem ser coordenados para que o parto ocorra e o bebê nasça sem problemas. Exercícios que trabalham os músculos abdominais e pélvicos reduzem o tempo e a dor do parto.

As atividades físicas para gestantes diminuem o ganho de peso, risco de diabetes e partos prematuros, complicações obstétricas, dores e flacidez, melhoram a resistência muscular e cardiorrespiratória, aumentando a capacidade física para o parto e a fortalecendo para que a recuperação seja mais rápida, além de menor hospitalização, diminuição na incidência de cesárea e maior facilidade em recuperar o peso depois do parto.

A dança do ventre para gestantes
Dentre as atividades físicas mais indicadas a gestantes está a dança do ventre, já que é de baixo impacto e pode ser executada de forma suave e sem tensões, e que além de ajudar na preparação do corpo tanto para a concepção como para o parto também trabalha a postura e fortalece e tonifica os músculos das panturrilhas, coxas, quadris, glúteos, assoalho pélvico, abdômen e braços. O fortalecimento da musculatura abdominal melhora a postura e também ajuda no controle na respiração, o que contribui bastante no momento do parto. A dança também ajuda na circulação sanguínea, responsável pelo fornecimento de nutrientes ao feto.


A prática da dança do ventre também proporciona melhor condicionamento físico e alongamento, maior coordenação motora, solta as articulações, alivia tensões e ajuda a prevenir a prisão de ventre, comum durante a gravidez. Dentre os benefícios psicológicos pode-se ressaltar maior sensação de bem estar, já que a atividade diminui a sensação de isolamento social, o risco de depressão, a ansiedade e stress, aumento da auto-estima, da feminilidade, da confiança, e do desejo sexual, que costumam ser abalados com as mudanças desse período. “Num momento em que nossas formas se modificam dia-a-dia, às vezes temos a sensação de inadequação com esse novo corpo. A dança oferece a possibilidade de conviver pacificamente com essas modificações, sentindo cada fase como especial e momentânea. O movimentar desse corpo que agora abriga um outro corpo, dá leveza e confiança. A gravidez não é e nem nunca deve ser um empecilho a liberdade corporal da mulher. É importante obter prazer enquanto grávida, pois dessa forma esse período será vivido de forma plena e desprovido de desconforto, respeitando seus limites e observando sempre seu bem estar em primeiro lugar.” (Sabongi, 2000.)

Apesar de todos os benefícios que a dança do ventre proporciona às gestantes, alguns movimentos são contra-indicados. Giros não são aconselháveis, já que com a gestação o eixo do corpo muda e pode causar desequilíbrio, podendo resultar em queda. Solos de percussão, com batidas de quadril e shimmies, também são arriscados, pois podem deslocar a placenta. As aulas para gestantes devem ser leves, trabalhando mais os movimentos sinuosos, como oitos e redondos, e também mãos e braços, evitando ainda movimentos de “expulsão”, como camelos.

É recomendável para gestantes a prática de exercícios aeróbios leves a moderados, dependendo da capacidade física de cada mulher, de três a cinco vezes por semana, evitando movimentos bruscos e impactos. A gravidez já causa um esforço extra ao coração, portanto deve-se controlar a freqüência cardíaca da gestante, mantendo entre 50 e 70% da freqüência máxima. Uma maneira de saber o limite é a aluna conseguir conversar enquanto se exercita. É importante ressaltar que todo exercício deve ser feito de forma personalizada, levando em consideração cada gravidez, prestando muita atenção sinais que possam indicar algum problema, como qualquer tipo de dor, dificuldades respiratórias, vômitos, tonturas, desmaios, etc. A dança do ventre contribui ainda no período do pós-parto (ou resguardo), que tem a duração entre seis e oito semanas, terminando com o retorno da menstruação. Essa é uma fase na qual a mulher ainda vivencia muitas alterações e é o tempo que seu organismo necessita para se restabelecer e voltar ao estado anterior à gestação,
especialmente em relação à forma física.

É essencial para garantir a saúde tanto da gestante quanto do bebê aliar a atividade física com nutrição adequada, e alguns desconfortos da gravidez também podem ser atenuados com a alimentação. É o caso dos enjôos, que podem ser aliviados com ingestão de frutas, sucos de sabor azedo, alimentos em forma de papa ou purês, além de bebidas e comidas mornas ou frias. Devido às alterações hormonais na gestação, a digestão tende a ficar mais lenta e a azia e a prisão de ventre se tornam inevitáveis. Para amenizar tais infortúnios pode-se apostar em uma dieta leve, rica em fibras, líquidos e frutas (como mamão, melão, ameixa, figo, uva). Deve-se evitar alimentos gordurosos e fritos e jamais esquecer a ingestão de água, especialmente durante as atividades físicas.

Conclusão

A dança do ventre praticada de forma regular e adequada durante a gestação é uma maneira agradável e eficiente de manter a saúde e forma física, e ainda preparar o corpo para o parto. Nesse período é fundamental a prática de atividades físicas prazerosas e seguras, respeitando as alterações metabólicas e hormonais da gestação. “Cuidar de você mesma enquanto está gerando seu filho é um prazer necessário e bem vindo. Aproveite esse tempo para oferecer a si mesma a melhor das atenções e todo o cuidado do mundo. Curta sua gravidez, os momentos que vivemos hoje são diferentes dos que viveremos amanhã. Cada gestação tem suas características peculiares e únicas, esteja alerta para viver intensamente essa experiência maravilhosa que é ser mãe.” (Sabongi)

Referências Bibliográficas
CENCI, Cláudia. História da Dança do Ventre. In: Dança do Ventre [CD ROM]. PORTINARI, Maribel. História da Dança. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira,
1989.
REINEHR, Jacqueline Graebin. Atividades e exercícios físicos para gestantes. Disponível em: . Acesso em 19 jan. 2011.
. Acesso em 19 jan. 2011.
. Acesso em 19 jan. 2011.
. Acesso em 20 jan. 2011.
. Acesso em 19 jan. 2011.
. Acesso em 20 jan. 2011.
Por Ana Paula Camillo

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